23 de janeiro de 2009

Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres

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Referência:


LISPECTOR, Clarice. Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

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Comentário:


Li este livro no terceiro ano do segundo grau... e ele me marcou muito. Foi o primeiro que mexeu realmente comigo. Nunca esqueci deste trechinho ainda no início do livro que achei genial!

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Trecho selecionado:


"Pareceu-lhe então, meditativa, que não havia homem ou mulher que por acaso não se tivesse olhado ao espelho e não se surpreendesse consigo próprio. Por uma fração de segundo a pessoa se via como um objeto a ser olhado, o que poderiam chamar de narcisismo mas, já influenciada por Ulisses, ela chamaria de: gosto de ser. Encontrar na figura exterior os ecos da figura interna: ah, então é verdade que eu não imaginei: eu existo.

E pelo mesmo fato de se haver visto ao espelho, sentiu como sua condição era pequena porque um corpo é menor que o pensamento - a ponto que seria inútil ter mais liberdade: sua condição pequena não a deixaria fazer uso da liberdade."
(pgs. 19 e 20)

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21 de janeiro de 2009

A Alma Imoral - seleção 5 de 5

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Referência:


BONDER, Nilton. A Alma Imoral - Traição e tradição através dos tempos. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

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Comentário:


Última seleção!

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Trechos selecionados:


"Ousaria dizer que tudo que é positivo para a vida é o que não se dissimula" (p.22)

"A lei, o privilégio concedido à determinada compreensão do que é certo, só se faz legítima na medida em que, dadas as condições necessárias, sua preservação possa até mesmo ser mantida através de sua desobediência." (p. 24)

"Segundo o Tratado de Sanhedrin*, em casos de julgamento de penas capitais - quando se faziam necessários 23 juízes - caso houvesse unanimidade na condenação do réu, o julgamento era desqualificado e este liberado. O sentido de tal lei, expressão da alma e obviamente subversiva, é a desconfiança de que um processo possa ser tão bem conduzido que não paire qualquer dúvida quanto a uma leitura diferente da situação. A unanimidade expressa uma acomodação à verdade absoluta que é insuportável à vida e que tem grande potencial destrutivo."
(pg. 25)


*Tratado de Sanhedrin é um texto que faz parte da tradição judaica.

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20 de janeiro de 2009

A Alma Imoral - seleção 4 de 5

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Referência:


BONDER, Nilton. A Alma Imoral - Traição e tradição através dos tempos. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

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Comentário:


Penúltima seleção! ;o) Esta, eu identifiquei como trechos sobre ética.

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Trechos selecionados:
"Ousaria dizer que tudo que é positivo para a vida é o que não se dissimula" (p.22)

“A dificuldade está em legitimar seu novo ‘correto’ de maneira verdadeira, não com argumentos ou justificativas, mas com uma crença profunda na alma e em suas transgressões.” (p. 45)

“Ser tolo é querer menos do que o ‘correto’ e ser perverso é querer menos do que o ‘bom’.” (pg. 74)

“Quando não se é ‘honesto’, ou seja, quando formas de hipocrisia vão ganhando espaço e a conduta é marcada por dissimulações, paramos de sentir satisfação.
(...)
Por isso nos é tão difícil ser honestos, pois as condições para que isso aconteça se constroem a cada instante.” (pg 79)


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15 de janeiro de 2009

A Alma Imoral - seleção 3 de 5

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Referência:


BONDER, Nilton. A Alma Imoral - Traição e tradição através dos tempos. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.


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Comentário:


Mais do mesmo! Dessa vez com indicação da peça A Alma Imoral que vi duas vezes e que me fez comprar o livro. Obrigada, Clarice, pela obra. Espero um dia trabalhar com ela. ;o)
(Mais uma Clarice marcando minha vida!)


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Trechos selecionados:



"O problema, no entanto, está no fato de que é impossível mudar sem se expor ao erro absoluto." (pgs. 19 e 20)


"A importância do presente está na responsabilidade que temos de honrar o passado e o futuro, numa medida artisticamente concebida de honrar compromissos e rompimentos." (p.22)


“O Apego ameaça e violenta a integridade de um ser humano da mesma maneira que uma traição. Somos capazes de medir a última, mas poucas vezes nos damos conta da violência que impomos à nossa alma.” (p.30)


A proposta da imutabilidade é mais que indecorosa: ela violenta um indivíduo.” (p. 39)


“Surpreender-se é, na realidade, a maior prova de poder do ser humano. Surpreender os outros é fazer uso de nossos truques já dominados; supreender a si mesmo é ser um mago diante daquele que nos julgávamos ser.
O herói do corpo é aquele que surpreende os outros e os seduz. Seus poderes são fazer uso do passado e de suas mágicas. (...)Já o herói da alma é aquele que surpreende a si mesmo e seus poderes são o que ainda não foi feito, dito, visto, falado ou escutado. O futuro e a possibilidade de não-convencionalidade são o instrumento de poder desse herói.” (p. 46)


“Porque as surpresas do relativo, das misturas, dos erros, das espontaneidades ou dos pecados fortalecem a alma e lhe ofertam seu nutriente mais importante: a evolução.” (p. 46)


“Todos nós deparamos com lugares estreitos em determinado momento. Estes lugares, que outrora serviram para nosso desenvolvimento e crescimento, se tornam apertados e limitadores.(...)
O corpo não gosta de sair, de mudar. São a estreiteza e o desconforto que o convencem de que não existe saída.”
(pgs. 47 e 48)


"Passar por um processo de mutação de maneira bem-sucedida é irromper em outro corpo que não se sabia que poderia conter nosso ‘eu’.” (pg. 51)

Achar-se – e o ancião tenta revelar este segredo ao jovem – é constituir identidades e desfazer-se delas.” (pg. 69)


“O pobre, o destituído, o estrangeiro, o marginal é mais bem preparado para levantar acampamento e seguir os caminhos da evolução do que aqueles que, bem adaptados, encontram sempre maneiras de transformar em ideologia, moral e teologia seu desejo de permanecer no lugar estreito. (...) O inconformado e o não estabelecido criam ligações mais verdadeiras com a dinâmica de vida mais próxima do desapego que do controle. Da perspectiva da alma, o pobre é mais apto que o rico, o bastardo, do que o filho mimado, o sofrido, do que o afortunado ou o que vem de longe em relação ao que vem de perto.” (pgs 110 e 111)

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Foto de divulgação da peça "A Alma Imoral" inspirada no livro.
Adaptação, concepção cência e interpretação: Clarice Niskier.
Foto: Dalton Valério
Mais infos: http://www.almaimoral.com/

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6 de janeiro de 2009

A Alma Imoral - seleção 2 de 5

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Referência:


BONDER, Nilton. A Alma Imoral - Traição e tradição através dos tempos. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

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Comentário:


Como prometido, mais citações! E tem mais por aí... estou tentando reuni-las por "temas".

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Trechos selecionados:


"Quando um cônjuge esboça transformações em sua pessoa, implicando transformações na relação, o outro muitas vezes cobra justamente os compromissos assumidos, dando um passo para trás. Não reconhece que seus direitos de apego não têm o menor valor numa relação em que o compromisso explícito é o relacionamento. Se, numa relação, alguém se modifica, o pacto é este: todos devem se colocar em movimento. A reação de dar um passo para trás – expondo carências, coletando justificativas ou evocando direitos – é um apego que, em si, é a maior das traições ao sonho assumido em pacto." (p. 31)

"Os que mudam de emprego radicalmente, o que refazem relações amorosas, os que abandonam vícios, os que perdem medos, os que se libertam e os que rompem experimentam a solidão que só pode ser quebrada por outro que conheça essas experiências. A natureza da experiência pode ser totalmente distinta, mas eles se tornarão parceiros enquanto ‘forasteiros’." (pg. 69)

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5 de janeiro de 2009

O Diário de Anne Frank

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Referência:

FRANK, Anne. O Diário de Anne Frank: edição integral. Tradução: Ivanir Alves Calado. Rio de Janeiro: Record, 1995.

Observações importantes:

>
Traduzido a partir da edição em língua inglesa chamada "The diary of a young girl".

> Anne manteve um diário de 1942 a 1944. Neste último ano ouviu numa transmissão de rádio que um membro do governo holandês (no exílio) esperava recolher testemunhos do povo holandês sob ocupação alemã. Ela decidiu reescerver e a organizar o diário, melhorando o texto, omitindo passagens que achava desinteressantes e acrescentando outras de memória. Trata-se aqui da publicação desta segunda versão. Isto é explicado no prefácio do livro (pgs. 5 e 6).


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Comentário:

Ainda estou lendo, mas não tive como não publicar esse trecho... quanta ironia do destino! Em breve, coloco mais sobre a Alma Imoral. ;o)

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Trecho selecionado:


"Escrever um diário é uma experiência realmente estranha para alguém como eu. Não somente porque nunca escrevi nada antes, mas também porque acho que ninguém se interessará, nem mesmo eu, pelos pensamentos de uma garota de treze anos. Bom, não importa. Tenho vontade de escrever, e tenho uma necessidade ainda maior de tirar todo tipo de coisa do meu peito.

'O papel tem mais paciência que as pessoas'. Pensei nesse ditado num daqueles dias em que me sentia meio deprimida e estava em casa, sentada com o queixo apoiado nas mãos, chateada e inquieta, pensando se ficaria ou sairia. Finalmente fiquei onde estava matutando. É, o papel tem mais paciência, e como não estou planejando deixar que ninguém mais leia esse caderno de capa dura que geralmente chamamos de diário, a não ser que algum dia encontre um verdadeiro amigo, isso provavelmente não vai fazer a menor diferença." (pgs. 15 e 16)

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